AlbumReview: Azealia Banks - Broke With Expensive Taste
Broke With Expensive Taste - Azealia Banks
Data de lançamento: 6 de Novembro de 2014
Gênero: UK garage, R&B, Trap, House, Hip-hop, Trance,
EDM, House
Depois de conflitos artísticos e pessoais, discursos de ódio sobre sua gravadora e tantos outros problemas que cercaram Azealia Banks nos últimos anos, a rapper lançou no fim do ano seu primeiro álbum de estúdio, intitulado "Broke With Expensive Taste". Recheado de uma produção excelente, letras impecáveis e aquele toque único da rapper que já foi aclamada universalmente com seu EP "1991" lançado em 2012, o disco acabou figurando na mídia como um dos melhores lançamentos do último ano. Banks se destaca no álbum como rapper, mas em diversas canções podemos ver que sua voz é de uma potência única, quando ela nos surpreende cantando. O disco nos cativa com elementos diferentes misturados ao rap e que nos fazem repensar se Banks é realmente irrelevante no mercado.
1 - Idle Delilah (4 estrelas) Abrindo o álbum, a canção
incorpora ritmos tropicais em sua produção massiva, e aqui já notamos Banks
rimando e cantando. Produzida por Pearson Sound, a rapper descreve a canção
como "uma celebração por não ter uma inspiração", ao levar em conta
que ela não sabia como direcionar o álbum e em como começá-lo. Com mais uma
letra enigmática para seu histórico de composições, Banks se mantém firme e
dinâmica, com seu rap sagaz e rico que nos dá a sensação que ela sai desafiando
a todos com o recorrer da canção, parecendo contar a história de uma personagem
cansada e aflita, assim como também, bem acabada.
2 - Gimme a Chance (5 estrelas) Uma das melhores canções do
álbum e aclamada pelo público (Banks podia realmente juntar suas forças para
lançá-la como single), a canção incorpora ritmos dos anos 80 e também nos
envolve com ritmos latinos e nos prova que suas rimas não ficam incríveis
somente em língua inglesa, mas também em espanhol! Em certa parte da canção
podemos notar Banks fazendo jus aos ritmos envolvidos e completa a gravação
abusando de seu ótimo sotaque em espanhol. A rapper já demonstrou habilidade de
suas rimas em outra língua, como em "1991", onde rima em francês.
Produzida por Enon e Oskar Cartaya, 'Gimme a Chance' é uma "celebração ao
meu eu de 17 anos", visando que Azealia compôs a canção por volta dessa
idade. Com absoluta certeza você pode desfrutar dessa canção e dançar
incansavelmente no meio da sua sala ou em uma balada, acredite.
3 - Desperado (2 estrelas) Uma daquelas canções que você
interpreta como "dançante e apreciável". Longe de ser uma das
melhores do álbum, 'Desperado' é produzida por MJ Cole e foi retirada
originalmente de seu álbum 'Sincere', Banks escreveu por cima da canção, por
escutá-la aleatoriamente em seu meio e chamou MJ para terminar a canção com
ela, logo, a gravação na versão de Azealia a agradou e acabou entrando no
disco. A música funciona como um luxo puro pela parte da rapper que repete o
tempo todo a si o quanto é incrível, o quanto possui dinheiro e ignora todo o
resto, sendo o centro de tudo.
4 - JFK (feat. (feat. Theophilus London) (2 estrelas) É a canção que você repetiria apenas
umas duas vezes no álbum, porém, possui uma produção excelente por Boddika, a
canção seria uma continuação de '212' - hit que lançou Azealia Banks no
mercado. Porém, a letra e o formato não estavam ficando como Banks queria.
Completamente descartável para ser single, é mais como aquelas músicas que você
pode apreciar com um copo de uísque na mão, ouvindo a voz aveludada e suave da
rapper com aquele tom egocêntrico de sempre.
5 - 212 (feat. Lazy Jay) (5 estrelas) O hit incansável de Banks que se
estende por anos, sendo uma das canções mais bem produzidas de sua carreira e
uma das melhores canções dos últimos anos. Seu videoclipe foi incluído como um
dos dez melhores dessa década. Produzida por Jef Martens e com gêneros de hip
house, dirty rap e house, Banks repete que o seu dia chegará e que todos irão
se render. A canção possui sample de "Float my Boat" de Lazy Jay, por
isso existe o crédito em seu lançamento final. "212" é uma daquelas
canções únicas que qualquer artista possui, desde seu lançamento todos sabiam
do potencial de Banks, hoje podemos ver que seu desenvolvimento desde então
está sendo grandioso.
Quem não enlouqueceu ao notar a canção incluída no filme 'Bling Ring'?
6 - Wallace (5 estrelas) Confirmado como o novo single e
como uma das canções mais bem ornamentadas do álbum, 'Wallace' incorpora um
R&B incrível acompanhado de hip-hop,
com a voz de Banks cantada no refrão. Uma das canções mais aclamadas do
disco, mas que também se desenvolve como um grande mistério. Banks a descreve
como um "cara com cabeça de Rottweiler", e também diz ser sobre caras
que ela conhece, assim como personagens que ela cria em sua cabeça. Mais um dos
grandes enigmas do álbum, criamos em mente que a canção possui um significado
fortíssimo por trás de sua letra reflexiva, e logo, ‘Wallace’ se transforma em
uma autenticidade única dentro do grandioso mundo criativo de Banks.
7 – Heavy Metal and Reflective (4 estrelas) O segundo single de ‘Broke With Expensive Taste’ produzida por Lil Internet enquanto Banks estava em Londres construindo seu álbum, a canção é um outro destaque. Incorporando ritmos de trap, witch hop e hip hop alternativo, Banks soa forte e rude na canção, demonstrando ser incrivelmente potente e autêntica quando precisa. A maioria das canções de rap atualmente soam como um tom sarcástico e irônico, soando bastante egocêntrico, porém, Azealia sabe driblar isso melhor do que ninguém. Em ‘Heavy Metal’, vemos a rapper esbanjando todo seu poder na letra, confirmando a construção de seu pequeno império em cima de seu rap de ouro executado com cem mil palavras por segundo, o que certamente, como ela mesma diz na canção, que “outras” ficam impressionadas com isso.
8 – BBD (3 estrelas) Fortemente trap, nos remete a Banks
irada e conclusiva de sua mixtape “Fantasea”. BBD é extremamente bem elaborada,
com gírias sem fim, metáforas no estilo Banks, e aquele toque básico da rapper
que faz toda diferença. Como uma influência única, a canção produzida por Apple
Juice Kid, necessita ser revisada e analisada com outros olhos antes de
decidirmos se ela é realmente muito boa, ou, realmente descartável. De qualquer
forma, ‘Bad Bitches Do It’ é o tipo essencial de música que se você percebe que
está tocando não vai te deixar um segundo com os ossos quietos conforme o trap
sujo de Banks se desenrola.
9 – Ice Princess (5 estrelas) Em destaque como um clássico
de Banks, ‘Ice Princess’ é o ápice do álbum, onde descobrimos que aqui, o disco
consegue ficar muito melhor do que já parece. Banks recebeu a canção de
ArraabMuzik e a descreve bem como um “sentimento engraçado sobre estar fria,
gélida e sobre diamantes”. Contém sample de “In the Air” de Morgan Page, e soa
uma canção hip-hop/house perfeita, complementando que a produção de Banks é
superior em muitos sentidos. Com o crescimento e amadurecimento musical da
rapper, podemos notar que enigmas correm sobre o álbum e destacá-lo como maduro
ou não é uma tarefa árdua, mas descrevê-lo como inteligente, completo e sagaz é
essencial.
10 – Yung Rapunxel (3 estrelas) Servindo como o primeiro single do álbum, a canção é uma forte linha de reinvenção ao se tratar de Azealia. Logo após um relacionamento complicado, ‘Yung Rapunxel’ surgiu e podemos notar o quanto a rapper estava se sentindo violenta. Com um refrão gritante e com a raiva estampada em cada palavra da canção, vemos que, provavelmente, foi a música mais difícil de compreender em seu meio artístico, visando que foi feita em diversas versões diferentes até chegar a versão final. No final de tudo, a nossa pequena percepção é Banks zombando e blefando de tudo, com um toque de hip-hop/house em mais uma produção de Lil Internet.
11 - Soda (4 estrelas) Classificada pelos fãs como uma das
melhores do álbum, aqui vemos Banks destacar seu lado emocional mais uma vez,
deixando com que os ouvintes viajam desde o extremo mais complexo até o mais
confortável. A canção é produzida por SCNTST e conta com uma batida
extremamente viciante, conforme o que parece ser baquetas se chocando uma com
outra no fundo da canção ganham força com o decorrer da música, fazendo soar
algo bem criativo e interessante. Repetindo “eu costumava ser a sua garota”,
conseguimos notar que Azealia Banks é uma compositora de mão cheia para
qualquer momento.
12 – Chasing Time (5 estrelas) O terceiro single do álbum
conta com o som mais diferenciado de todas as outras canções. Aqui vemos Banks
fazendo uma mistura de música pop com um pouco de UK garage, utilizando sua
incrível voz (de verdade, viu?) no refrão viciante da música que conta com um
videoclipe imenso, onde Banks demonstra incríveis passos de dança. É outro
ápice do álbum, onde claramente compreendemos que desde o R&B ao pop, a
rapper dribla um movimento artístico incrível! E em relação a sua letra,
notamos Banks novamente demonstrando mais de seu pessoal. Vemos o tempo todo a
rapper dizer que desperdiçou seu tempo e que deve seguir em frente. Azealia
descreve a canção como uma “jornada”, da mesma forma como funciona um término.
13 – Luxury (3 estrelas) Retirada de sua mixtape “Fantasea”, Luxury é a primeira canção gravada por Azealia onde ela realmente canta e rima. Com uma voa suave e harmônica, vemos a rapper desenvolver uma canção marcante e muito bem ornamentada pela produção de Machinedrum. A letra é de incrível apreciação, onde notamos a rapper tratar o cara de “sorriso bonito” como seu luxo. É a única faixa retirada de sua mixtape, mas que merece um reconhecimento especial por ser cativante em sua lista de boas produções.
14 – Nude Beach A Go-Go (3 estrelas) Claramente vemos que é
a canção mais inesperada do álbum como um todo. Desde a composição quase que
por completa de Ariel Pink até o mais extremo: o surf rock dançante. A letra é
um tanto quanto provocativa, viu? Alguns comentam que é um tipo de indireta a
algumas “brancas”, mas preferimos apenas curtir o que Banks fez com essa canção
junto a Ariel, do qual ela considera bastante por ter escrito a canção onde ela
pôde gravar sua voz por cima.
15 – Miss Amor (5 estrelas) De uma forma plena, vemos que é
uma das mais completas músicas de todo o álbum. Um enigma a parte, sua letra é repleta
de significados complexos: masturbação, ambições, devaneios, paixões. Toda a
estrutura da canção é incrível. Produzida por Lone, o produtor preferido de
Azealia que já trabalhou com a rapper em “Liquorice”, a canção diverge em
elementos house com batidas psicodélicas e enigmáticas. A crítica e os fãs
agradecem à rapper por ter criado algo tão fabuloso como ‘Miss Amor’ e que é
mais um clássico para implementar em sua linha criativa, o ápice final do
álbum, com certeza.
16 – Miss Camaraderie (4 estrelas) Encerrando o disco com a
música preferida de Azealia no ‘Broke With Expensive Taste’, vemos a relação da
canção com ‘Wallace’. Banks nos dá uma ideia, por trás de uma batida frenética,
de que seu álbum está completamente ligado desde ‘Idle Delilah’ até chegar em
‘Miss Camaraderie’, como uma personagem aflita que busca crescimento e que
encontra um verdadeiro amor. Banks criou uma fábula conforme criava o álbum, e
essa última canção, em especial, é o que retrata essa fábula de ficção onde,
possivelmente, a personagem retratada em ‘Idle Delilah’ fica com ‘Wallace’
enquanto ‘Miss Camaraderie’ reflete todo esse processo mágico. Com tanta
criatividade em exposição, Banks ainda promete mais dor de cabeça para críticos
musicais e “haters” que não entendem muito bem seu processo diferente de criar
música em um cenário tão igual como se encontra a indústria musical nos dias
atuais.
Até quinta-feira que vem com mais uma review ;*
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